quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Um casal estranho

Recentemente li uma crônica do David Coimbra que se baseava em um causo que aconteceu com um sujeito em Santa Catarina. A história, real, era a seguinte. O cara esqueceu o aniversário da mulher, que lhe pentelhou o dia todo. Já de saco cheio da chatice da esposa, o pobre homem jogou seu carro contra o prédio da Delegacia de Polícia da cidade. E mais. Implorou para ser preso. Só assim iria se livrar das reclamações da mulher.

Até aí tudo bem. Todo homem sabe que mulher é chata mesmo. Assim como sabe que macho que é macho faz de tudo para não ouvir as abobrinhas da esposa, inclusive ser preso. Até mesmo lavar louça e roupa, fazer comida e, de vez em quando, esfregar o chão. Tarefas que eu, como bom macho e cachoeirense, faço. Ou vocês pensam que vou dar a chance da minha senhora se achar dona da verdade e ficar reclamando, me chamando de vagabundo.

Mas voltando ao título desta crônica... A mulher nasceu para chatear o homem. O homem nasceu para evitar as chateações da mulher. Mas um casal conhecido meu e dos meus colegas é diferente. É estranho. Aparentemente, eles não seguem esta regra universal, desde Adão e Eva. Sim, eles não brigam.

Duvida? Então vai lá. Esta semana, a mulher – que é minha colega de trabalho – lembrou-se que fazia dois anos que ela e o marido estavam casados. Não, não. Ela lembrou que um dia antes fazia dois anos que ela e o marido estavam casados. Tanto ela, quanto ele esqueceram o aniversário de casamento.

Tá, homem esquecer aniversário seja lá do que for é natural. É a essência do homem-macho-cachoeirense. Mas a coisa começa a ficar estranha quando a mulher, que se prende aos menores detalhes, esquece do ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO. Mulher não esquece de nada, menos ainda do ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO.

Mas o mais estranho de tudo não foi o esquecimento. Sobrenatural foi que esta colega de trabalho ligou para o marido e, quando eu jurava que ela iria usar todos os palavrões relacionados pelo Aurélio, contou com voz de porta-voz da República sobre o lapso de memória e deu um singelo sorriso. Nem justificativa, nem desculpa esfarrapada o marido precisou dar. Se não fosse homem-macho-cachoeirense ficaria até com medo.

* Da série "Velhas Crônicas."

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