quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Precisa de tanto?

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) informou hoje que o que um pobre gasta em um ano é o mesmo gasto por um rico em três dias. A constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que divulgou a análise com base nos dados apresentados na semana passada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) relativa ao ano de 2008.

A constatação do Ipea só reafirma o que vivemos todos os dias. Recentemente o município onde resido, Lajeado, figurou como a terceira melhor cidade para se viver do Rio Grande do Sul em um destes levantamentos que levam em conta uma série de fatores - desenvolvimento econômico, social... Pois bem, outros indicativos que demonstram a tal da pujança de Lajeado é que para cada 1,5 habitante há um veículo ou que a cada ano surgem mil novas construções. Em resumo, Lajeado é uma cidade em crescimento vertiginoso.

Mas mesmo em uma cidade bacana de se viver, muita gente apenas sobrevive. Enquanto abastados acumulam quatro, cinco veículos nas garagens, milhares de pessoas vivem em bairros afastados do Centro, em espécies de guetos. Em sub-habitações e com subempregos, estas pessoas estão condenadas ao subdesenvolvimento.

E por mais que procriem programas sociais, a situação não muda. Em uma cidade onde uma única indústria precisa de três mil peões para cortar frango e porco, fica difícil falar em igualdade social. Obviamente o problema não é de Lajeado. Neste pacote entram questões como regime econômico e modelo de produção favorável à desigualdade, falta de investimentos na educação, corrupção... Também não defendo a igualdade a cabresto. Isto seria tirania.

O que realmente faz os butiás caírem do meu bolso é o que leva um rico a gastar em três dias o que um assalariado leva um ano para conseguir? Não tenho nada a ver com a grana dos outros, mas é preciso tanto para viver bem e ser feliz? Tem gente que não satisfeita com uma televisão na sala, uma na cozinha e uma em cada um dos quatro quartos instala outra no banheiro. Tem gente que não satisfeita com dois carros, compra um para cada filho – fora as motocicletas que são a diversão do final de semana. Tem gente que não satisfeita com um quarto de hóspedes precisa de pelo menos mais três – vá que resolva transformar a casa em uma pousada, né?

Concluo com palavras da Martha Medeiros, que em uma recente crônica publicada na ZH lascou essa:

“Temos gastado muito e nos dado pouco valor”.

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