sábado, 19 de setembro de 2009

Não, ela não

De repente o coração deu um sobressalto. A voz engasgou e eu parei de piscar. Um filme percorreu cada neurônio do meu cérebro. Os olhos captavam aquela imagem, o cérebro codificava a informação, mas um nó no peito me gritava que diabos era aquilo!? Não, não ela. Ela não. Todas menos ela.

Prematura, nasceu como um ratinho albino. A pele branca como a neve reluzia as veias azuizinhas. Era um monstrinho. Ainda assim aquele monstrinho me encantou. Não parava de beijar aquele ratinho feioso. Talvez por isso o ratinho feioso ficou resistente aos meus beijos.

E neste tira e puxa o ratinho cresceu. Lá pelos 8 anos começou a tomar sustagem. O roedor virou um pequeno hipopótamo. Começou a devorar tudo que aparecia na frente. Veio a adolescência e com ela a fase do bicho preguiça, a fase Emo e mais recentemente a do urso panda – uma espécie de bicho preguiça Emo.

Mas veio o dia fatídico. O dia em que todo homem zeloso como eu deseja postergar. O meu pandinha, a minha irmã caçula, de apenas 18 aninhos, N-A-M-O-R-A-N-D-O?

E pior do que o ato em sim foi a indiferença com que eu, o irmão mais velho, fui tratado. Não fiquei sabendo através de um anúncio formal, nem mesmo de uma ligação ou de uma carta com um pedido de desculpas. Fui informado como qualquer outro. Estava lá, no Orkut, namorando. Em letras minúsculas, como se o fato não exigisse letras garrafais.

Mas tchê, onde este mundo vai parar!?

A minha irmã, a caçula, que eu vi crescer, N-A-M-O-R-A-N-D-O?

Não, não ela. Ela não. Todas menos ela.

Por Ermilo Drews

3 comentários:

  1. Bah Gui, não precisava avacalhar com o pandinha. Mas eu também fiquei chocado, mas a guria tinha que crescer um dia.

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  2. Vocês se chocaram? E eu, que ainda lembro das dores do parto do meu nenê.

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  3. Mas é o fim da picada! Só por curiosidade, e a tua outra irmã...?

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