quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Em terra de cego quem tem frango é rei

“Ele subiu o morro sem gravata/dizendo que gostava da raça,/foi lá na tendinha, bebeu cachaça/e até bagulho fumou/Foi no meu barracão, e lá usou/lata de goiabada como prato/eu logo percebi é mais um candidato/ Às próximas eleições.../- Meu irmão se liga no que eu vou lhe dizer/hoje ele pede seu voto, amanhã manda a polícia lhe bater.../Nesse país que se divide/em quem tem e quem não tem,/sempre o sacrifício cai no braço operário/Eu olho para um lado, eu olho para o outro/vejo desemprego e vejo quem manda no jogo...”

O Rappa e o malandro Bezerra da Silva bem que tentaram avisar, mas muitos não deram ouvidos. Passados 20 anos da Constituição de 1988, que restabeleceu as eleições diretas para presidente, ainda há quem que condicione seu voto a galinhadas regadas a cerveja ou à troca de pequenos favores. Para esses eleitores, vereador bom é aquele que percorre rua por rua para conferir quantas lâmpadas estão queimadas. Como se essa tarefa não competisse ao Poder Executivo.

Bom de voto é aquele que presta homenagem a gente morta, imortalizando o nome do sujeito em ruelas com esgoto a céu aberto. Candidato descente é aquele que facilita a liberação de alvará, mesmo que o imóvel esteja em desacordo com a legislação. Majestade é aquele que patrocina o clube do bairro, mesmo que o lugar careça de áreas de lazer.

Eleitor esperto é aquele que pensa nas suas necessidades em detrimento das carências coletivas. Eleitor safa faz campanha para o sujeito em troca de um CC. Eleitor consciente vota no cara legal, no amigo, no famoso, na gostosa, no bonito, no cantor, no homem da TV, no humilde, no Maravilha, na Gretchen, na Cadilac, no Rei do Povo.... É. Burro sou eu.

* Da série Velhas Crônicas

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