sábado, 5 de dezembro de 2009

Jogamos para vencer

O cunhado do meu irmão é um gurizinho de uns oito, nove anos, franzino como costumam ser os gurizinhos desta idade. Pois bem, como a maioria dos piazinhos ele gosta de jogar bola. E meu irmão e eu, como pessoas do bem, vez que outra fazemos a alegria do guri. Mas infelizmente para o cunhadinho franzino do meu irmão, tenho um hábito que por vezes me causa constrangimentos: sou muito competitivo. Assim, não foi nem uma nem duas vezes que gurizinho saiu chorando do jogo porque não o deixava fazer um gol ou porque dei uma chegada mais forte.

Acho que este meu excesso de competitividade vem desde a infância, quando meu pai me ensinou a jogar canastra. Muito mais do que os macetes do jogo em si, aprendi que a gente nunca entrega uma partida. Logo, o ensinamento do meu pai se voltou contra ele. Você lembra do Street Fighter, o videogame que rodava no MegaDriver? Bem, quanto tinha meus 12, 13 anos este jogo bombava. Meu pai começou a gostar do tal joguinho, mas o problema é que não tinha jeito dele me vencer. Eu bem que podia fazer a alegria do meu velho e deixá-lo ganhar uma que outra luta – afinal o videogame foi presente dele. Mas eu sempre jogava para vencer. O resultado é que meu competitivo pai “confiscou” o videogame por uma semana para fazer um treinamento intensivo.

Bem, vocês viram que a gana de vencer é de família. Mas obviamente que isto traz constrangimentos. Um exemplo foi a vez que disputei uma partida de futebol contra meu sogro, que joga muito menos do que este asmático que vos fala. Por ser um perna de pau, meu querido sogro foi pro gol, e o bombardeio começou. Ao final, tive que ouvir as ponderações dos amigos dele, em tom de reprovação. “Podia ter aliviado.”

Muito mais do que um ímpeto de guri novo, acho que ser competitivo é um traço fundamental no caráter do sujeito. Sem gana, sem vontade de vencer, a vida perde o sentido. Lógico que derrotas fazem parte do dia a dia de qualquer um. O que não pode é entregar os pontos. Assim, não concebo a ideia de alguém entrar em uma disputa sem intenção de vencer. Pior ainda se a intenção for de perder. Isto não seria apenas falta de visão ou apatia, seria mau caratismo, leviandade. Por isso, mesmo secando o Internacional, eu torço a plenos pulmões por uma vitória do Grêmio contra o Flamengo.

Por Ermilo Drews

Um comentário:

  1. Tudo bem, guri, agora poderia deixar o piá, pelo menos, achar que estava bem no jogo, né?

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