Está lá no dicionário que entropia significa falência ou morte do sistema. Outro conceito detalha que é uma medida do grau de desorganização que pode levar à falência de um sistema. Pois garanto: sou um entropiado.
Sempre fui um sujeito desorganizado. Quando se é criança, calçado fora do lugar, cueca atirada embaixo do chuveiro, casaco sobre o sofá, tudo isso é natural. O problema é quando isso vira rotina na vida adulta e, torna-se grave mesmo, quando piora. Quem conhece a minha pilha de louça para lavar, sabe bem do que estou falando.
Mas o meu grau de desorganização pode ser conferido pela minha mesa de trabalho. Ontem, mesmo, um colega teve que empilhar meia tonelada de papel para encontrar um celular soterrado pela minha pequena montanha de entulho. Semelhante ao que vivi durante os quatro meses que tive que escrever minha monografia, no nem tão distante ano de 2004. No centro da escrivaninha: o computador e eu. Ao redor: pilhas e pilhas de rascunhos, citações, livros, comida, água...
E o meu grau de desorganização não se resume a pilhas de papel. Sempre escrevo as minhas entrevistas em um arquivo, inicio o texto em outro, termino em outro documento e, por último, salvo num outro. Nesta peregrinação devo ter dezenas de milhares de arquivos de texto no meu computador. E a quantidade de janelas abertas ao mesmo tempo? Parece até que acessei um site pornográfico. É janela pra tudo quanto é lado. Com tanta informação circulando, falta espaço no meu cérebro para coisas mundanas, como saber o lugar onde deixei a chave de casa – já perdi umas cinco vezes o molho de chaves.
Os meus colegas e a minha mulher acham que é coisa de porco, desleixo, mas juro que não é. A minha desorganização é fruto da minha entropia cerebral. Durante um segundo chego a pensar três coisas ao mesmo tempo – também, tem gente que me tira pra oráculo. A minha mãe até chegou a pesquisar no Grão Mestre Google, que garante se tratar da Síndrome do Pensamento Acelerado, comum a jornalistas, escritores e gente do tipo.
Os sintomas da tal síndrome: irritabilidade, insatisfação existencial, dificuldade de concentração, déficit de memória, fadiga excessiva, sono alterado, dificuldade de extrair prazer nos estímulos da rotina diária, sentimento de insuficiência. Mas sou eu, minha gente!
O tratamento recomendado para que eu não permita a falência do meu sistema cerebral é a mudança do estilo de vida. Em resumo: mudar de profissão.
É, não vai ter jeito, meu cérebro vai fundir aos 40 anos mesmo.
Por Ermilo Drews
sábado, 1 de maio de 2010
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